Amebíase Extra-Intestinal
1. Amebíase hepática aguda não-supurativa e necrose coliquativa.
2. Amebíase cutânea
3. Amebíase de outros órgãos: pulmão, cérebro, baço, etc.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O diagnóstico laboratorial de E. histolytica é feito tradicionalmente através do exame parasitológico das fezes, em que geralmente são encontrados de cistos em fezes consistentes e trofozoítas em fezes diarréicas ou semidiarréicas.
Alguns aspectos devem ser considerados no auxílio do diagnóstico de E. histolytica , o tipo de recipiente utilizado par a coleta deve ser o fabricado especialmente para o transporte de amostras fecais, que normalmente são fornecidos pelo próprio laboratório. A quantidade de amostra para a análise deverá ser em torno de 30g, pois pequenas quantidades de fezes poderão não ser suficientes para um diagnóstico seguro. O tempo entre a coleta e a análise deverá ser breve não ultrapassando 30minutos. O material deverá ainda ser preservado fazendo o uso de fixadores específicos (MIF, APV, E SAF), quando o tempo de análise ultrapassar os trinta minutos. O número de amostras a ser coletado deve ser se possível várias coletas em dias alternadas, que irão propiciar um maior percentual de resultados positivos. Ainda devemos considerar a análise macroscópica das fezes, considerando-se a consistência, a cor e o aspecto líquido com muco e sangue deverão ser observados e anotados na ficha do paciente.
Pesquisa direta do parasita nas fezes
· Método Direto a Fresco Utilizando Salina à 37°
A pesquisa direta, tem como objetivo pesquisar formas móveis de amebas nas fezes.
A técnica consiste em colocar uma pequena porção de fezes misturada com a salina entre lâmina e lamínula, dando preferência às partes mucosanguinolentas quando presentes, e observar ao microscópio num aumento de 400x, em busca de presença de formas móveis de amebas, bem como o tipo de movimento apresentado pelo microrganismo. As formas móveis observadas emitem pseudópodes finos, longos e rápidos partindo de vários pontos do corpo do parasito. Pode ainda ser observado um ectoplasma é hialino e distinto, o endoplasma é granuloso e de fácil observação, os vacúolos digestivos, que podem aparecer com hemácias fagocitadas ou com conteúdos hemoglobínicos, são bem observados no endoplasma. O núcleo, normalmente não é observado nas preparações à fresco.
· Método Direto a Fresco Corado Pelo Azul de Metileno
Esse método tem por objetivo pesquisar formas vegetativas de amebas em fezes diarréicas, procurando evidenciar suas estruturas citoplasmáticas e nucleares. Observa-se uma perfeita distinção entre o ectoplasma e o endoplasma, o primeiro corado em azul claro e o segundo mais fortemente corado, observando-se vacúolos digestivos contendo uma ou várias hemácias coradas em azul escuro. O cariossoma apresenta-se como um pequeno ponto central ou ocasionalmente excêntrico corado em azul escuro.
· Método de Coloração Pela Tionina (identifica formas vegetativas e císticas)
· Método de Coloração Pelo Triocrômio (identifica cistos e trofozoítos)
Quando a fixação do esfregaço é adequada, observam-se com clareza as estruturas citoplasmáticas e nucleares dos protozoários e o citoplasma cora de verde azulado. Já a cromatina nuclear dos trofozoítos e dos cistos, bem como os corpos cromatóides dos cistos, hemácias e bactérias dentro dos trofozoítos coram em vermelho púrpura. Outros materiais existentes no esfregaço como leveduras, células teciduais, etc. tomam uma cor verde. Os cistos de E. histolytica tomam uma cor púrpura menos acentuada que os cistos da E. coli.
· Pesquisa de Cistos nas Fezes Pelo Método de Faust
Este método fundamenta-se em uma diferença de densidade em que os cistos flutuam quando tratados por uma solução de sulfato de zinco a 33% com densidade 1,180. Permite a identificação de cistos, que são corados com lugol.
· Técnica de Coloração por Hematoxilina Férrica
A hematoxilina férrica utilizando fezes preservadas é sem dúvida, o método que maior segurança oferece na identificação e no diagnóstico da E. histolytica.
Os trofozoítas apresentam uma cor cinza-azulada, diferenciando-se de estruturas de tonalidades escuras. Seu tamanho varia entre 15 a 60 micra.
O citoplasma é distinto e observa-se uma nítida diferenciação entre o ectoplasma e o endoplasma, principalmente se a forma observada estava emitindo pseudópodes quando da sua fixação. O ectoplasma apresenta-se hialino com uma coloração cinza-clara, diferenciando-se do endoplasma, que se apresenta granuloso e mais intensamente corado. No seu interior pode-se observar uma ou mais hemácias coradas de negro, evidenciadas nitidamente por um halo claro em toda sua parte externa. O núcleo geralmente não é central, permanecendo em local afastado da emissão dos pseudópodes, corando suas estruturas em negro. O cariossoma geralmente é central, mais corado, os grânulos de cromatina são escuros e distribuídos uniformemente no interior da membrana nuclear.
A forma pré-cistica é geralmente esférica, podendo apresentar-se oval, corando em azul-acinzentado e não apresentando diferenciação entre o ectoplasma e o endoplasma. O vacúolo ocupa 2/3 do parasito, que é o vacúolo de glicogênio, pouco corado. Os corpos cromatóides, corados em negro, se apresentam como um ou dois bastonetes de tamanhos diferentes. O núcleo se apresenta um pouco maior na forma pré-cistica. O cariosoma é grande, de aspecto geralmente uniforme.
Já nos cistos pode-se observar uma nítida membrana cística corada em negro e o citoplasma se apresenta em uma cor cinza-azulada contendo um vacúolo de glicogênio grande e não corado. Os corpos cromatóides, mais freqüentes nos cistos imaturos, coram em negro e apresentam-se em quantidades variáveis, porém dificilmente são observados nos cistos tetranucleados.
Pesquisa de Amebas nos Tecidos
A pesquisa de E. histolytica nos tecidos é realizada através da coleta do material por biópsia, e examinada imediatamente a fresco e após coloração especial.
Pesquisa de Amebas nos Exsudatos
As formas vegetativas de E. histolytica poderão ser encontradas nos exsudatos (escarro, vômitos e principalmente em material coletado por punção de abscesso hepático). A amostra deve ser examinada a fresco e corada pela hematoxilina férrica.
Testes Imunológicos
Os testes imunológicos são positivos em 95% dos casos de pacientes com abscesso hepático amebiano, em 70% dos pacientes com amebíase intestinal invasiva. As técnicas imunológicas mais usadas atualmente são hemaglutinação indireta reação de fixação do complemento, aglutinação do latéx, imunofluorescência indireta e ELISA.
A reação de hemaglutinação e a fixação do complemento são muito sensíveis, tendo o inconveniente de deixar dúvidas se a infecção é recente ou antiga, sendo que por estas técnicas não é possível avaliar se os anticorpos são da fase crônica ou aguda.
O teste de aglutinação do látex é cara e não tão sensível quanto ao da hemaglutinação.
A imunofluorescência indireta é um método muito bom, com boa sensibilidade e especificidade, porém os títulos são baixos em todas as fases da amebíase ulcerada.
O ELISA é o teste mais usado, pois é de fácil execução e muito sensível.